A origem dos seres humanos segundo os antigos textos sumérios

A magnífica Suméria, conhecida como a "terra dos reis civilizados", desabrochou na antiga Mesopotâmia, que hoje abriga o moderno Iraque, por volta de 4.500 AEC.

origem dos seres humanos segundo os antigos textos sumérios
Monstro do caos e o deus do sol sumérios. Imagem: Wikipedia.

Os sumérios deram origem a uma civilização extraordinária, repleta de um sistema de linguagem e escrita intrincados, arquitetura e artes sofisticadas, além de uma compreensão notável de astronomia e matemática.

Seu sistema religioso era uma trama complexa, composta por uma miríade de divindades.

Segundo os registros antigos, cada cidade suméria era protegida por seu próprio deus, e enquanto humanos e deuses costumavam conviver harmoniosamente, os humanos serviam devotadamente aos seus divinos protetores.

A mitologia suméria, enraizada na antiguidade, pode ser encontrada em uma antiga tabuleta de Nippur, cidade mesopotâmica que remonta a aproximadamente 5.000 AEC. A narrativa da criação da Terra, tal como descrita nas tabuletas sumérias, começa desta forma:

"Quando na altura o céu não foi nomeado, E a terra por baixo ainda não tinha nome, E o primitivo Apsu, que os gerou, E o caos, Tiamut, a mãe de ambos. As suas águas estavam misturadas, E nenhum campo foi formado, nenhum pântano foi visto; Quando dos deuses ninguém foi chamado à existência, E nenhum tinha nome, e nenhum destino foi ordenado; Então foram criados os deuses no meio do céu, Lahmu e Lahamu foram convocados a existir…"

A deslumbrante mitologia suméria desvenda a narrativa intrigante de um tempo remoto, quando deuses e humanos compartilhavam o governo da Terra. Ao chegarem ao nosso planeta, encontraram um cenário desafiador, repleto de tarefas árduas a serem cumpridas.

Os deuses, assim como os seres humanos, mergulharam de cabeça nesse árduo labor, dedicando-se a trabalhar a terra, escavando-a com empenho para torná-la habitável e extraindo seus preciosos minerais.

No entanto, em meio a essa saga de criação, os textos ancestrais lançam luz sobre um intrigante episódio: uma revolta inesperada protagonizada pelos próprios deuses.

Embora inicialmente dedicados e diligentes em suas tarefas, essas divindades sentiram-se oprimidas pelo fardo do trabalho que lhes fora designado.

"Quando os deuses como os homens… Aborreceram-se do trabalho e sofreram a portagem O esforço dos deuses foi grande, O trabalho era pesado, a angústia era grande."

Nos confins divinos, onde os destinos são tecidos por deuses imortais, Anu, o supremo entre os deuses, começou a ponderar sobre o fardo avassalador que carregavam.

A magnitude de suas tarefas exigia um tributo incalculável de energia divina, deixando-os exaustos. Era hora de buscar uma solução para esse fardo colossal.

Nesse momento crítico, Enki, também conhecido como Ea, emergiu com uma proposta ousada e visionária. Ele convenceu Anu de que a criação de uma criatura, um ser humano, poderia aliviar o peso sobre os ombros divinos.

Aproveitando a sabedoria de sua meia-irmã Ninki, eles embarcaram em uma jornada transcendental.

Entretanto, a criação do homem exigiria um sacrifício divino. Um deus nobre teve que pagar o preço supremo, entregando sua vida para esse propósito grandioso.

Assim, o corpo divino foi harmoniosamente misturado com a essência terrena do barro, em uma alquimia ancestral de poder e matéria.

Dessa fusão sagrada, emergiu a criação mais preciosa: o primeiro ser humano, moldado à semelhança dos próprios deuses. Essa criatura singular, dotada de alma e vida, surgiu como uma centelha divina em um corpo terreno.

"Vocês massacraram um deus em conjunto. Com a sua personalidade Eu removi o seu trabalho pesado Impus o teu trabalho ao homem. … No barro, Deus e homem Serão ligados, A uma unidade reunida; De modo que até ao fim dos dias A Carne e a Alma Que num deus amadureceram… Que a alma de um parentesco de sangue seja amarrada."

Nos primórdios da existência, quando o mundo estava em sua inocência mais profunda, o Éden, um oásis de significado profundo na língua suméria, foi o berço desse primeiro homem.

O Éden, um paraíso enraizado na própria essência dos deuses, ecoava com sua magnitude e beleza, um refúgio divino que se erguia em algum lugar místico na vastidão entre os rios Tigre e Eufrates, na exuberante Mesopotâmia.

Inicialmente, a humanidade se encontrava presa em sua incapacidade de procriar, uma limitação que clamava por uma intervenção divina. Foi então que Enki e Ninki, com sua benevolência divina, ofereceram sua ajuda transcendental.

Por meio de seu toque celestial, os seres humanos foram aprimorados e transformados em criaturas capazes de procriação, libertos daquela dependência primordial.

Assim, emergiu Adapa, um ser humano plenamente funcional e independente, resultado da magia dos deuses.

No entanto, essa ação transcendental não ocorreu sem consequências. Enlil, o irmão de Enki, desaprovou veementemente essa "modificação", desencadeando um conflito entre os deuses.

Enlil, agora oponente do homem, lançou sua ira contra a humanidade. A tábua suméria traz registros vívidos das dificuldades e dos sofrimentos enfrentados pelos seres humanos, obrigados a servir aos caprichos divinos.

Um véu de adversidade desceu sobre a existência humana, enquanto a luta entre os deuses e os destinos dos mortais se desdobrava em uma dança cósmica de poder e desafio.

Assim, a narrativa ancestral se desenrola, mergulhando-nos nas profundezas de uma era distante, onde a humanidade era moldada pelos caprichos divinos, sujeita a tribulações e sacrifícios em meio à intrincada tapeçaria de relações entre deuses e homens.

Fonte:

https://socientifica.com.br/a-origem-dos-seres-humanos-de-acordo-com-os-antigos-textos-sumerios/

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